Um comunicado do serviço europeu de polícia, Europol, informou que o ataque 'exigirá
uma complexa investigação internacional para identificar os culpados'. PORTAL G1
Uma onda de ciberataques "sem precedentes" ainda atingia neste sábado, 13, uma centena de países em todo o mundo, afetando o funcionamento de muitas empresas e organizações, entre elas os hospitais britânicos, a gigante espanhola Telefónica ou o construtor francês Renault.
"O ataque é de um nível sem precedentes e exigirá uma complexa
investigação internacional para identificar os culpados", indicou em um
comunicado o serviço europeu de polícia, Europol.
O Serviço Público de Saúde britânico (NHS), quinto empregador do mundo,
com 1,7 milhão de trabalhadores, parece ter sido a principal vítima no
Reino Unido, e potencialmente a mais inquietante, por colocar seus
pacientes em risco.
Mas está longe de ser a única. Dezenas
de milhares de computadores de uma centena de países, entre eles
Rússia, Espanha, México ou Itália, foram infectados na sexta-feira, 12,
por um vírus "ransonware", explorando uma falha nos sistemas Windows,
exposta em documentos vazados da Agência Nacional de Segurança dos
Estados Unidos (NSA).
O gigante americano do correio privado FedEx, o ministério do Interior
russo e o construtor de automóveis francês Renault - que suspendeu sua
produção em várias fábricas da França "para evitar a propagação do
vírus" - indicaram neste sábado à AFP que também foram hackeados.
Também está envolvida a companhia ferroviária pública alemã. Embora os
painéis das estações tenham sido hackeados, a Deutsche Bahn certificou
que o ataque não teve nenhum impacto no tráfego.
Segundo a empresa de segurança informática Kaspersky, a Rússia foi o
país mais atingido pelos ataques. Os meios de comunicação russos afirmam
que vários ministérios, assim como o banco Sberbank, também foram
atacados.
O centro de monitoramento do Banco Central russo IT "detectou uma
distribuição em massa do software daninho do primeiro e segundo tipo",
revela um comunicado do Banco Central citado pelas agências de notícias
russas.
As autoridades americanas e britânicas aconselharam os particulares, as
empresas e organizações afetadas a não pagarem os hackers, que exigem
um resgate para desbloquear os computadores infectados.
"Recebemos múltiplos informes de contágios pelo vírus 'ransonware'",
escreveu o ministério americano de Segurança Interior em um comunicado.
"Particulares e organizações foram alertados a não pagar o resgate, já
que este não garante que o acesso aos dados será restaurado".
'Grande campanha'
Este conjunto de ataques informáticos de envergadura mundial provoca
inquietação entre os especialistas em segurança. O vírus bloqueia os
arquivos dos usuários e os hackers exigem que suas vítimas paguem uma
soma de dinheiro na moeda eletrônica bitcoin para permitir que eles
acessem novamente os arquivos.
O ex-hacker espanhol Chema Alonso, agora responsável pela
cibersegurança da Telefónica - outro grupo afetado pelo ataque -
declarou neste sábado em seu blog que "o ruído midiático que este
'ransonware' produz não teve muito impacto real", já que "é possível ver
na carteira bitcoin utilizada que o número de transações" é fraco.
A Forcepoint Security Labs, outra empresa do setor, afirmou, por sua
vez, que "uma campanha maior de difusão de e-mails infectados" está
sendo realizada, com o envio de 5 milhões de e-mails por hora para
divulgar um malware chamado WCry, WannaCry, WanaCrypt0r, WannaCrypt ou
Wana Decrypt0r.
O NHS britânico tentou neste sábado tranquilizar seus pacientes, mas
muitos deles temem um risco de desordem, sobretudo nas urgências
médicas, já que o sistema de Saúde Pública, austero, já estava à beira
da ruptura.
"Cerca de 45 estabelecimentos" do Serviço de Saúde Pública foram
infectados, indicou neste sábado a ministra britânica do Interior, Amber
Rudd, na BBC. Muitos deles foram obrigados a cancelar ou adiar as
intervenções médicas.
Rudd acrescentou que "não houve um acesso malévolo aos dados dos
pacientes". No entanto, começa a aumentar a pressão sobre o governo
conservador a poucas semanas das eleições legislativas de 8 de junho.
O Executivo foi acusado de não ter ouvido os sinais de alerta que
advertiam para estes ataques, já que a estrutura informática do NHS é
especialmente antiga.
Na sexta-feira, nas redes sociais foram compartilhadas imagens de
dezenas de telas de computadores do NHS que mostravam pedidos de
pagamento de 300 dólares em bitcoins com a menção: "Ooops, seus arquivos
foram encriptados!".
O pagamento deve ser realizado em três dias, ou o preço duplica. Além
disso, se a quantidade não for paga em sete dias, os arquivos hackeados
serão eliminados, afirma a mensagem.
Embora a Microsoft tenha lançado neste ano uma atualização de segurança
para esta falha, muitos sistemas ainda devem ser atualizados, disseram
investigadores.
Segundo a empresa Kaspersky Lab, um grupo de hackers chamado "Shadow
Brokers" divulgou o vírus em abril alegando ter descoberto a falha da
NSA.
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