John Eliot (1604-1690) foi um dos primeiros missionários entre os índios norte-americanos e, considerado talvez, o maior deles. Nasceu na Inglaterra, educado em Cambridge, foi em seguida para a Nova Inglaterra (EUA) onde começou seu ministério como pastor substituto em Boston por um ano e, em seguida, numa igreja Presbiteriana em Roxbury, Massachusetts.
Sua união matrimonial com Hana Mumford (1632) foi o primeiro casamento civil registrado nessa cidade. Nas proximidades da cidade havia índios, todavia os colonizadores nunca pensaram em evangelizá-los. Morriam muitos deles, mas os colonizadores até entendiam que essa era uma forma de Deus “limpar a terra” para o “seu povo”.
Os colonizadores criam que os índios eram um atraso para o progresso da civilização – por isso eram marginalizados. A partir de 1644, Eliot se envolveu no empreendimento missionário. Antes de se entregar ao trabalho missionário, ele já começou a aprender o dialeto da tribo Pequot, o Algonquiano, uma língua ágrafa, composta de apenas sons guturais. Teve o auxílio de Cochenoe, um jovem índio que lhe serviu de professor da língua, que foi seu intérprete por vários anos para a pregação entre os indígenas. No seu primeiro sermão aos índios que viviam nas cercanias de Roxbury, percebeu um grande desinteresse no auditório, e todos pareciam cansados e desatentos. Um mês depois, Eliot pregou a outro grupo que se congregou na tenda de Waban e a reação foi bem melhor. Os índios o ouviram atentamente e, a seguir, passaram a fazer-lhe várias perguntas “curiosas, esplêndidas e interessantes”, segundo Eliot.
Depois de pregar sobre vários assuntos, uma importante pergunta – a mais difícil de responder – lhe foi feita: “Por que nenhum homem branco jamais falou sobre essas coisas conosco?”.
Com a ajuda de Cochenoe, traduziu para o Algonquiano os “Dez Mandamentos”, a “Oração do Senhor” e outros escritos e orações. Posteriormente, traduziu vários de seus sermões para os cristãos indígenas. Em 1651 aconteceram os primeiros batismos. Entendendo que seria difícil aos índios convertidos viverem sua fé cristã em meio aos demais da tribo, decidiu formar as chamadas “Cidades de oração”, das quais “Natick” foi a primeira. Em 1671 já havia cerca de 3.600 índios convertidos, distribuídos em catorze colônias. Vendo a necessidade do discipulado e do avanço da evangelização, começou a preparar pregadores índios, que somavam vinte e quatro por ocasião de sua morte. O seguinte juramento era feito pelos índios de cada colônia para estabelecer o princípio de fidelidade, reflexo do ideal puritano:
Com a graça de Cristo, damo-nos a nós mesmos e aos nossos filhos, a Deus, para sermos o seu povo. Ele governará em nós, em todos os nossos assuntos, e não apenas em nossa religião ou nas questões da igreja, mas também em todos os nossos trabalhos e negócios terrenos.
O que tornou Eliot mais célebre foi a tradução de toda a Bíblia para a Língua Algonquiana. Traduziu inicialmente o livro do Gênesis e o Evangelho de Mateus; em 1661 foi completada a tradução do Novo Testamento, seguindo-se o Antigo Testamento, que foi concluído dois anos depois. Ele também preparou uma gramática da língua.
Eliot escreveu uma frase que resume bem sua vida e a de outros missionários: “A oração e os sofrimentos, por meio da fé em Cristo, sempre conseguirão algo”. John Eliot foi duramente criticado por gastar tempo aprendendo aquela língua complicada e ágrafa, quando poderia estar ensinando Inglês aos índios. Quando faleceu em 1690, havia muitos pregadores na tribo.
Uma grande luta armada aconteceu devido ao colonialismo europeu que usurpou as terras indígenas. Foram muitos os índios maltratados pelos colonizadores e uma grande e sangrenta guerra se desencadeou. Os colonizadores quase perderam a batalha, mas venceram-na e destruíram as Cidades de oração e os povoados indígenas. Muitos foram apagados dos registros dos livros coloniais.
Rev. José João de Paula
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