Para evitar o
fechamento do Templo de Salomão, no Brás (centro), a Igreja Universal
do Reino de Deus assinou um documento em que se compromete a doar à
Prefeitura de São Paulo um terreno avaliado em R$ 38 milhões –que será
destinado à construção de moradias populares.
A
escritura com a promessa de doação foi firmada em cartório no último
dia 17 por um bispo da Universal e representantes da gestão Fernando
Haddad (PT), que cogitava a hipótese de fechamento e de demolição do
espaço.
O
templo, que tem 74 mil m² de área construída (3,2 vezes mais que a
Basílica de Aparecida), foi inaugurado em 2014, mas só com um alvará
para eventos, que deve ser renovado a cada seis meses. O atual vence
neste mês.
Na
época da inauguração, já se discutia uma contrapartida para que a
igreja tivesse um documento definitivo de funcionamento do templo
(chamado de “habite-se”).
A
área doada tem 17 mil m² e fica no Belenzinho (zona leste). Segundo
Haddad, ela será destinada à construção de 700 moradias populares.
“Era
uma pendência que precisava ser resolvida e agora será um ganho para a
cidade”, afirmou o prefeito, que perdeu as eleições deste ano para João
Doria (PSDB).
DESFECHO
A Universal informou à Folha,
por meio de nota, que tem até 180 dias para doar o imóvel e que “o
compromisso de doação –que se soma a outras providências já tomadas pela
igreja– proporcionará a obtenção do habite-se”.
O
acordo é o desfecho de uma discussão iniciada em 2013, quando o templo
já estava em estágio avançado de construção, após um polêmico processo
de aprovação formalizado em 2006.
Conforme revelou a Folha em julho de 2014, para conseguir a aprovação, aigreja apresentou um pedido de reforma do prédio na área onde hoje funciona o templo. Porém o edifício havia sido demolido dois anos antes.
Segundo
um parecer técnico apresentado por uma comissão à época, a igreja usou
informações falsas para burlar a legislação. O correto era que o imóvel
fosse aprovado após processo para alvará de construção, não de reforma.
A
liberação do projeto ocorreu após decisões do ex-diretor do Aprov
(departamento que autorizava construções) Hussain Aref Saab, que ignorou
o parecer. Aref é suspeito de comandar esquema de corrupção na
aprovação de obras.
Em 2014, a igreja disse ter convicção de que tanto o projeto quanto a construção obedeceram as exigências legais.
Outro problema na construção do templo era que ele ocupava área reservada para moradias populares.
Nesses
casos, o dono tem que usar 40% do terreno para essas habitações. Com um
alvará de reforma, essa obrigação não foi imposta.
Ao
assumir, a gestão Haddad questionou a Universal. A solução para liberar
o funcionamento do templo foi exigir uma contrapartida –formalizada
apenas agora.
O
templo –que custou cerca de R$ 680 milhões– foi inaugurado mesmo sem o
aval do Corpo de Bombeiros em julho de 2014 com a presença da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e seu então vice, Michel Temer (PMDB),
o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o próprio Haddad.
ACIDENTE
Na tarde de domingo (16), duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas em um acidente no estacionamento do Templo de Salomão.
Uma
mulher, que chegava de carro para participar do culto por volta das
18h, perdeu o controle da direção do veículo que manobrava no
estacionamento e avançou contra os fiéis que esperavam para entrar no
templo.
Folha
http://www.maispb.com.br/199915/doacao-de-terreno-de-r-38-milhoes-salva-templo-de-salomao-em-sao-paulo.html
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